Ultimamente viemos usando o espaço Editorial também para contar um pouco dos bastidores da notícia no Diário Popular. Pois bem, caro leitor. A foto de hoje escancara um problema que há muito tempo vem sendo citado pelos leitores e, ao invés de falar em contagotas do assunto, a checagem em massa nos gerou uma surpresa completamente desagradável: de 53 telefonemas para serviços de saúde, apenas três atenderam. Um número completamente irrisório, principalmente diante de uma estratégia - correta - de regionalização dos serviços de saúde.

São constantes as ligações, mensagens, e-mails, repórteres sendo parados, enfim, para reclamar de alguma Unidade Básica de Saúde (UBS) que não atende telefone, de uma orientação que foi mal feita, de uma dúvida não tirada. O tema renderia uma série de reportagens. Por exemplo, uma senhora contou que, com suspeita de Covid, ouviu que não havia testes para ela em uma unidade. Outra, estava com febre e, temendo ser dengue, tentou ligar para a UPA (que atendeu no levantamento feito pela reportagem) e, por algumas horas, durante a noite, não foi atendida.

A orientação da Prefeitura, para que neste momento de troca de prestador de serviço de telefonia o usuário procure a unidade, é claramente insuficiente. São muitos casos de pessoas com deficiências, suspeita de doenças contagiosas, disponibilidade ou tantas outras questões que impedem de deslocar-se até a unidade. O telefone, especialmente para esse público, que inclui os idosos, é uma saída para obter informações.

Há não muito tempo o próprio DP fez uma reportagem sobre as dificuldades da população mais velha em acessar informações pelos meios digitais. É um desafio ver o mundo mudando e muitas vezes não conseguir acompanhar. Quando o serviço público também se torna um pouco mais inalcançável, a autoestima da população, a valorização da cidade e tudo mais, acaba perdendo.

Por mais que esteja sendo feita uma transição, que o serviço esteja sendo atualizado e que uma melhora esteja em vista, é inacreditável ver o resultado desse levantamento. As ligações foram feitas antes dos impactos da chuva de quinta-feira. A avaliação do serviço fica por conta do cidadão, mas os números, de certa forma, surpreendem, e de outra não.

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